quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

POR QUE CLARAVAL?


Vale claro, vale da luz: Claraval, abadia cisterciense fundada por S. Bernardo de Claraval em 1115, na França. Este é o nome de nosso blog católico. Você nos perguntará: por quê?

Claraval significa vale claro, vale da luz. É o nome de uma abadia cisterciense fundada por S. Bernardo em 1115, na França. Mas, antes disso, há uma bela história; a história da “conversão” de um jovem de vinte anos. Foi assim...

Bernardo era de família nobre. Dotado de grandes qualidades intelectuais dedicou-se aos estudos, contrastando com seus irmãos, com freqüência ocupados com guerras. Provavelmente teria se dedicado a uma carreira acadêmica ou a um cargo importante na Igreja ou na Realeza caso um acontecimento não tivesse marcado profundamente sua vida. Quando estava com vinte anos, sua mãe Alice, que ele amava profundamente, faleceu. A morte o fez refletir sobre a existência humana e decidiu viver para Deus. A decisão que tomou mudaria não somente a sua vida mas a da Europa de seu tempo e marcaria profundamente a história da Igreja.

Na verdade, quando o jovem Bernardo, em 1100 comunicou a seus irmãos que iria ser monge em Cister (1), eles simplesmente não compreenderam. Primeiro porque em seus sonhos o viam destacando-se no mundo. Segundo porque não o imaginavam “enterrando” seu talento, naquela pobre casa onde habitavam alguns monges quase desesperançados. E se era para ser monge porque não entrar em Cluny, a maior ordem religiosa da época? Não. Bernardo não quis olhar para o que parecia tão grande. Pelo contrário, escolheu um local em que tudo era pequeno e parecia que ia morrer.

Na verdade, seus irmãos viam com olhos mundanos. Pensavam em poder e luxo. Não pense que eles eram maus. Não. Eram homens de sua época, com sonhos e ilusões. Afinal, não deixavam de ter suas razões. Viam o passado de uma ordem gloriosa que em seus primeiros anos teve 5 abades santos! Mas, por outro lado, não viam que naquele momento todo aquele brilho estava fenecendo. Bernardo escolheu o lugar aparentemente obscuro. Procurou a simplicidade e o serviço. Ele mesmo não sabia que era a chama que iria reavivar Cister. Talvez, porque assim como nós, Bernardo também não conseguia visualizar o “Plano de Deus”.

A ferrenha oposição dos irmãos fez o jovem fraquejar. Ele desistiu... por seis meses. A consciência não o deixou em paz. Ele sabia que Deus queria que renunciasse a tudo. A graça venceu. Bernardo decidiu ir para Cister. Mas, não foi só. Desta vez ele convenceu um tio, seus irmãos e muitos amigos. E assim ele e mais 31 companheiros compareceram a Cister onde pediram a um Santo Estevão Harding estupefato que os admitisse como monges.

Logo santo Estevão viu maravilhado, a grande alma, prudente, forte, madura, que Deus colocara em suas mãos. Assim, pouco tempo depois de sua entrada em Cister, envia-o como superior de um grupo de monges para fundar a abadia de Claraval. Bernardo tinha apenas 25 anos de idade.

O lugar da nova abadia era inculto e agreste, sendo por isso chamada de Vale do absinto. São Bernardo transformá-lo-ia em Vale Claro, ou Claraval. De lá Bernardo iluminou com a luz de Cristo o século XII.

Nosso blog é uma homenagem a este santo extraordinário, doutor da Igreja. Considerado por seus contemporâneos o maior homem de seu século. Hoje, ele não aparece em nossos livros escolares. Os “vencedores” contam a história a seu modo...

É também uma homenagem minha, Valter de Oliveira, a um de meus maiores amigos. Amigo que ao ser admitido na Ordem Terceira do Carmo, em Bragança Paulista, escolheu o nome de Bernardo de Santa Maria.

Ele e eu ouvimos falar de S. Bernardo há 40 anos. Foram algumas aulas que tiveram como fonte um livro chamado Bernardo de Claraval, escrito por Albe Ludy. Um livro que encantou a nós dois (2). Tenho certeza que as graças que então recebemos como jovens colaboraram fortemente para que, em meio às lutas de nossas vidas, recebêssemos outros presentes de Deus. E não foram poucos.

Que S. Bernardo, doutor da Virgem, monge, que sabia perfeitamente que a vida contemplativa era “uma tarefa para o bem de toda a Igreja” e que retomou o conceito da “nobreza do trabalho” de S. Agostinho e de S. Bento (3) ajude a todos nós a santificar nosso trabalho cristão vivendo como contemplativos no meio do mundo.



(1) No ano de 1098 São Roberto fundara, num vale chamado Cister, um ramo reformado da famosa abadia de Cluny, já então em decadência. A severidade de sua regra foi afastando os candidatos, enquanto seus monges antigos iam morrendo. Santo Estevão Harding, sucessor de São Roberto, pensava em fechar definitivamente as portas da abadia, quando um dia trinta nobres cavaleiros apareceram, pedindo para entrar na Ordem. Eram Bernardo com irmãos, um tio e amigos, que ele tinha convencido a acompanhá-lo. Mais tarde seriam seguidos pelo irmão mais novo e o próprio pai, enquanto a única irmã também se dedicaria a Deus, morrendo em odor de santidade. (fonte: site Lepanto).

(2) Com o tempo escreveremos artigos sobre a vida e a obra de S. Bernardo

(3)Bento XVI, Spes Salvi, 15).

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