quarta-feira, 3 de outubro de 2012

QUEM SEGUE A CARTILHA DA CNBB, NÃO VOTA NO PT











Valter de Oliveira


Cumprindo importante dever moral a CNBB publicou uma cartilha de orientação aos eleitores para as eleições municipais de 2012.


Como era de se esperar não se indica nomes de partidos que possam merecer ou não nossos votos. São dados apenas os critérios. Aplicando-os o leitor saberá em quem deverá votar, e quais candidatos ou partidos deverão ser rejeitados.

Dos grandes partidos o mais atingido pela cartilha é o PT. A razão é simples e pode ser demonstrada com base em três pontos:

DECLARAÇÃO DOS BISPOS. Eles consideram que o candidato deve ser:

1. Defensor da vida

No ponto 9.2 da declaração dos bispos está escrito:

“Que o candidato defenda a dignidade da pessoa humana e da vida, em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até a morte natural. Não devemos votar em candidatos que defendam projetos que visem a legitimar o aborto e a eutanásia. É importante votar na vida e não na morte!”.

Ora, é sabido que o PT fechou questão quanto ao aborto. Nenhum membro do Partido tem o direito de se opor a ele lutando pelo direito à vida. Se todos os membros do partido têm o dever de aderir a essa determinação nenhum deles pode receber nossos votos. Nem nesta e nem em nenhuma outra eleição. 

                                      
                                                                     


2. “Merece o voto dos cristãos quem defende os valores da família”

A afirmação entre aspas é continuação do ponto 9.2 e também condena o PT que tem se empenhado em destruir os valores familiares.

Prova disso foi a cartilha promovida pelo candidato Haddad como ministro da Educação. É o conhecido “Kit Gay” que faz a apologia do homossexualismo, da ideologia de gênero, da permissividade sexual, da legalização da prostituição, etc. Ainda agora o Ministério da Saúde volta à carga, em luta incessante para impor sua ideologia nefasta, em eventual convênio com o Conselho de Psicologia para tentar dar base “científica” para sua nova moral... O Ministério da Educação, por exemplo, criou um prêmio para os alunos que melhor souberem defender a igualdade de gênero! Doutrinação pura!(1)



Tanto na última campanha para a Presidência, como na atual, o PT, desonestamente procurou esconder seu pensamento sobre o direito à vida e sobre a verdadeira família. Por isso é condenado também pelo ponto 9.1 da declaração dos Bispos:

“O bom candidato tem senso de justiça, é coerente entre o discurso e a prática; é honesto, transparente e verdadeiro antes, durante e depois da campanha política”.



3. A Lei da Ficha Limpa.

Antes de ascender à presidência o PT se afirmava o Partido da Ética. Devido a isso, cansados de tanta coisa indigna que havia em nossa política, muita gente boa votou em Lula e no PT. Não sabiam que a Ética petista é revolucionária, baseada na filosofia da práxis, ao mesmo tempo maquiavélica e marxista.

Já no primeiro mandato de Lula o partido se notabilizou pela mais absoluta falta de ética na política. O fisiologismo e a corrupção só fizeram crescer. Tivemos o mensalão, negado por Lula,  confirmado agora pelo Supremo Tribunal Federal. O PT, como todos sabem, tem muitos políticos envolvidos em toda essa trama. Admite suas falhas? Não. Culpa a imprensa e os magistrados que os condenam. E ainda convidam Delfim Neto para defende-los! (2)



Aqui lembramos o ponto 8.2 que trata de candidatos à reeleição:

“- Ele participou ou foi conivente com escândalos e fraudes anteriores?”











São apenas três pontos. Suficientes para confirmar o título do artigo. “Quem segue a cartilha da CNBB não vota no PT”.(3)








Notas

1. Em outro artigo trataremos dessas iniciativas.
Mais informações no site www.igualdadedegenero.cnpq.br

2. artigo na folha de São Paulo intitulado “Lula”, de 26 de setembro último. Em seu blog José Dirceu agradece:

Primoroso o artigo "Lula", publicado hoje na Folha de S. Paulo pelo ex-ministro e ex-deputado Delfim Neto. Não só pelas considerações que ele faz sobre o ex-presidente da República, mas pela forma didática como expõe a realidade brasileira, o funcionamento das instituições e porque o ex-presidente, neste momento de disputa eleitoral, tornou-se o alvo preferencial de denúncias não provadas da oposição, dos nossos adversários e da mídia, à frente a revista Veja. (o destaque em negrito é nosso)

3. Também não vota em outros partidos que estão na base do PT e que advogam explicitamente a bandeira da cultura da morte e o solapamento da família natural e cristã como o PCdoB.  Na mesma linha temos “críticos do PT” como o  PSol, PSTU, etc.

Partidos tidos como de centro e centro-esquerda como PMDB e PSDB não advogam tão claramente o aborto e a destruição da família. Entretanto, na prática, muitos de seus associados têm votado em consonância com a agenda do PT. Só para dar um exemplo: Fernando Henrique Cardoso defende a descriminalização da maconha, a lei da homofobia, leis pró-homossexuais, etc.

Para piorar o ex-presidente está agora propondo uma revolução moral no Brasil! Piada de mau gosto! Justo ele que afirmou que impediu que a oposição pedisse o impeachment  de Lula porque isso seria prejudicial à democracia...


domingo, 16 de setembro de 2012

OS MÁRTIRES DE HOJE



É com grande alegria que divulgamos o lançamento do livro 
Os Mártires de Hoje




Autores: Pe. Paulo Ricardo. de A. Júnior
               Paulo Henrique de Oliveira

Descrição: A primeira parte desta obra trata da teologia do martírio, seu significado e sua importância como exemplo cristão para os dias atuais, de acordo com a espiritualidade católica.

A abordagem é simples e franca, como uma conversa familiar, buscando entender de que maneira podemos nos santificar na vida diária e aceitar com serenidade as dificuldades encontradas nas pequenas coisas, por amor a Deus, Nosso Senhor. O martírio diário, essencial na vida do cristão e inspirado no mais puro amor, ajudou muitas almas a terem forças suficientes para darem suas vidas pela Fé Católica.

Na segunda parte são apresentadas a vida e a morte de um grupo seleto de mártires do século XX em seus devidos contextos históricos. O objetivo é mostrar, através de seus luminosos exemplos, que morrer confessando a fé não é algo incomum, nem tampouco inacessível para quem realmente ama Cristo.

Preço Unitário: R$19,50   


Ficha Técnica:
Número de Páginas: 120
Editora: Ecclesiae    http://www.ecclesiae.com.br/
Idioma: Português
ISBN: 978-85-63160-25-6
Dimensões do Livro: 17,5 x 11,8 cm


Ao nosso querido filho, Paulo Henrique de Oliveira, desejamos muito sucesso nessa nova empreitada. Que Deus abençoe a você e ao Pe. Paulo Ricardo por todo bem que venham a fazer através da leitura desses que são verdadeiros modelos de vida para todos nós: os mártires da Igreja Católica.

Valter e Sonia Rosalia 

MANISFESTO PRO VIDA







Recebemos do amigo Ivanaldo Santos a declaração abaixo. É mais um importante documento em defesa da vida e da dignidade humana.


Declaração do VII Encontro Nacional de Movimentos em Defesa da Vida e da Família


Nós, participantes do VII Encontro Nacional de Movimentos em Defesa da Vida e da Família realizado em Brasília de 7 a 9 de setembro de 2012,
CONSTATAMOS:


1.     O crescente favorecimento da causa abortista pelo Governo Federal, em desconformidade com o compromisso assumido pela então candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, com os eleitores, em 2010.

2.     A lamentável nomeação da Sra. Eleonora Menicucci, defensora e praticante confessa do aborto, para o cargo de Secretária de Políticas Públicas para as Mulheres.

3.     A celebração de contrato entre a União Federal e a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), prorrogado pelo atual Governo[1], assim como a manutenção do grupo GEA (Grupo de Estudos sobre o Aborto), criado com a finalidade de promover a despenalização do aborto no país.

4.     O plano do Ministério da Saúde, noticiado pela imprensa, de instruir as mulheres como fazer o aborto por meio de uma cartilha e de uma central de telefone em âmbito nacional pelo SUS; de elaborar uma Norma Técnica, e de liberar o comércio de abortivos nas farmácias, usando como pretexto a “redução de danos”.

5.     O açodamento com que foi preparado o anteprojeto de Código Penal, com audiências públicas não representativas da sociedade, e a sua conversão imediata em projeto de lei (PLS 236/2012) pelo Senador José Sarney, sem que fosse dado tempo suficiente ao povo para enviar sugestões e críticas.

6.     A presença de inúmeros erros técnicos e de conteúdo no PLS 236/2012, dificilmente corrigíveis por meio de emendas durante o processo legislativo.

7.     A descriminalização do aborto, da eutanásia, do suicídio assistido, da clonagem, da manipulação e comércio de embriões, da prostituição infantil a partir de doze anos, do uso pessoal de drogas e do terrorismo praticado por movimentos sociais, entre outras infâmias previstas pelo PLS 236/2012.

8.     A promoção e a exaltação do homossexualismo, o cerceamento da liberdade de expressão e a instauração da perseguição religiosa presentes no mesmo projeto por meio da incriminação da chamada “homofobia”.

9.     A crescente invasão de competência do Congresso Nacional pelo Supremo Tribunal Federal que, à revelia da Constituição, reconheceu a validade da “união estável” de pessoas do mesmo sexo e o aborto de crianças anencéfalas.


SOLICITAMOS

1.     Ao Congresso Nacional, que, por meio de decreto legislativo, suste as referidas decisões da Suprema Corte.

2.     Aos senadores e deputados federais, que rejeitem todas as cláusulas antivida e antifamília presentes no PLS 236/2012

3.     Aos eleitores, que apóiem os candidatos comprometidos com a defesa da vida e da família e que neguem seu voto a políticos e partidos comprometidos com o aborto e o homossexualismo, entre os quais se destaca o Partido dos Trabalhadores.

4.     Aos educadores, que rejeitem as cartilhas e livros que, a pretexto de proteger a saúde do adolescente e oferecer “educação” sexual, corrompem a infância e a juventude.

5.     Aos médicos e outros profissionais de saúde, para que resistam às políticas pró-aborto do governo, mantendo-se fieis ao juramento de Hipócrates.

6.     Aos líderes religiosos, que instruam o povo a eles confiado acerca de tudo o que foi referido acima.


Brasília, 9 de setembro de 2012.

ABRACEH – Associação de Apoio ao Ser Humano e à Família
Associação Nacional Mulheres pela Vida
Associação Nacional Pró-vida e Pró-família
Associação Theotokos - Guarulhos-SP
Comunidade Católica Totus Mariae - São Carlos-SP
Frente Integralista Brasileira (FIB)
Instituto Eu Defendo - RJ
Instituto Juventude pela Vida - SP
Instituto Vera Fides - RJ
Movimento Ação e Vida - RJ
Movimento em Defesa da Vida do Rio de Janeiro
Movimento Sacerdotal Mariano - São José dos Campos-SP
Movimento Teologia do Corpo
Pró-Vida de Anápolis - GO

IGUALDADE DE GÊNERO OU FALSA IDENTIDADE






                                                                             Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada



Se se permite, tão facilmente e totalmente grátis, a mudança de gênero, por que não também a de espécie?

Quem viveu conscientemente o 25 de Abril, talvez ainda conserve, entre outras recordações, a lembrança de uma canção revolucionária em que, a páginas tantas, se badalava: "Uma gaivota, voava, voava, asas de vento, coração de mar. Como ela, somos livres, somos livres de voar".



Como nunca mais ouvi aquela melodiosa voz, temi que, embalada por um tão sugestivo texto, a dita cançonetista tivesse mesmo voado para parte incerta. Ou que, tendo desafiado as leis da gravidade, a experiência lhe tivesse sido fatal. Felizmente nenhuma destas hipóteses se confirmou, pelo que é de supor que ainda esteja disponível para ser de novo a voz do PREC, ou seja, do processo revolucionário em curso. A sua histórica balada é, com efeito, um magnífico hino à nova e subversiva política da identidade de gênero em que o anterior Governo, à falta de mais urgente e necessária reforma social, tão entusiasticamente se empenhou, depois de ter empenhado, com indiscutível êxito, o país.


Entende-se modernamente que a identidade pessoal não deve ser aferida por circunstâncias objetivas, como eram antigamente o sexo, a idade, a altura e o peso, mas sim por um ato libérrimo da vontade de cada qual. Assim, se um macho quer ser oficialmente fêmea, o Estado obedece ao capricho do cidadão e falsifica, a seu bel-prazer, o respectivo registo de identidade. Portanto, pela mesma razão, se uma septuagenária, de um metro de estatura e pesando cinco arrobas, quiser ser oficialmente uma menina de vinte anos, de um metro e setenta e quarenta quilos, também deveria poder sê-lo, se de fato se sente tão jovem, alta e leve quanto o dito sujeito se acha feminino. Ou será que o faz-de-conta é válido para o sexo, mas já não para a idade, a altura e o peso?

Mas, se se permite, tão facilmente e totalmente grátis, a mudança de gênero, por que não também a de espécie?! Se o sexo já não é algo objetivo e predeterminado geneticamente, por que o há de ser a natureza? Se a mulher pode "virar" homem e vice-versa, por uma simples declaração de vontade, por que não pode ser alguém, como Fernão Capelo, gaivota?!

Quem não gostaria de obter, oficialmente, o estatuto jurídico de ave protegida?! Não passarinho, que releva alguma inferioridade, nem passarão, que sugere algum governante ou administrador de empresa pública, mas pássaro, como a gaivota da canção, para ser livre, livre de voar! Para além da isenção de impostos e a inimputabilidade penal, a condição aviária tem grandes vantagens também ao nível da viação que, neste caso, passa a ser, muito propriamente, aviação.

A estas e outras razões gerais tenho a acrescentar uma gratificante experiência pessoal quase-aviária. No ano passado, ao sofrer um acidente, tive que esperar pela ambulância, no mesmo lugar, cerca de uma hora. Porém, quando na urgência do hospital me colocaram uma pulseira colorida, fui logo objeto dos mais extremosos e diligentes cuidados médicos. Enquanto ser humano, mereci pouca atenção, mas assim que, graças à bendita pulseira, me confundiram com uma ave, beneficiei de imediato da principesca proteção dispensada às espécies em vias de extinção. Uma pessoa pode ser negligenciada e até impunemente morta antes de nascer, mas um animal protegido não pode ser maltratado. Moral da história: humano nunca mais! Ser ave é que é o negócio!

Um slogan revolucionário exigia: 25 de Abril sempre! Não chegamos a tanto, mas, de certo modo, pode-se dizer que agora, graças à famigerada igualdade de gênero, todos os dias são dias de 1 de Abril, porque são dias de mentiras. Talvez não fosse despropositado criar um dia anual da verdade, em que cada qual, mais por via de exceção do que por regra, seja, muito originalmente, o que de fato é.

Gonçalo Portocarrero de Almada in ‘Público’ do dia 29.08.2011

quarta-feira, 18 de julho de 2012

KIIJI - A pérola da Carélia



Tire 17 minutos para assistir a esse vídeo. Serão 17 minutos de paz, reflexão, amor, dedicação e trabalho bem feito. Confesso que fiquei em dúvida se esses longos 17 minutos seriam demais para nossa vida tão corrida, tão agitada, tão cheia de trabalhos e atribulações.

Não tenha pressa em terminar de assistir. Faça-o apenas quando tiver esses 17 minutos disponíveis em seu tempo.

Trata-se de uma Igreja  na Rússia. Deslumbrante pela simplicidade. Deslumbrante pela maravilha.

Aproveite e... Bem, só aproveite.

Sonia Rosalia

AJOELHAR-SE







Cardeal Joseph Ratzinger

Existem ambientes, não pouco influentes, que tentam convencer-nos de que não há necessidade de ajoelhar-se. Dizem que é um gesto que não se adapta à nossa cultura (mas, a qual se adapta então?); que não é conveniente para o homem maduro, que vai ao encontro de Deus e se apresenta erguido. [...] Pode ser que a cultura moderna não compreenda o gesto de ajoelhar-se, na medida em que é uma cultura que se afastou da fé e já não conhece Aquele diante de quem ajoelhar-se é o único gesto adequado, e, mais ainda, um gesto interiormente necessário. Quem aprende a crer também aprende a ajoelhar-se. Uma fé ou uma liturgia que não conhecessem o ato de pôr-se de joelhos  estariam doentes num ponto central.

(Cardeal Joseph Ratzinger em Introdução a ‘El espíritu de Ia liturgia’, cit. por Alfa e Omega, 18.10.2001)

MAIORIA E VALORES













Cardeal Joseph Ratzinger



É importante ter consciência de que a maioria, enquanto maioria, não exprime necessariamente os valores fundamentais. Pensemos, por exemplo, no consenso universal que se formou nos começos da era moderna quanto à escravidão dos africanos: uma época inteira pode estar cega com relação aos valores fundamentais. O critério da maioria nunca é suficiente para definir um valor moral.

O problema moral fundamental, tal como a Sagrada Escritura o propõe e o formulamos no Pai-Nosso, é cumprir a vontade de Deus. Mas conhecer esta vontade vê-la na sua profundidade, só é possível com um olhar amplo que abranja toda a evolução histórica, porque nascem novos problemas a que só podemos responder, com uma consciência mais plena da vontade de Deus, se conhecermos a realidade e se tivermos em conta as experiências concretas da fé. Pensemos nos três grandes desafios da época atual – a ética política, a ética econômica e a bioética -, e veremos que, por um lado, precisamos conhecer a matéria, os problemas como tais em toda a sua complexidade; e, por outro, necessitamos do senso moral que traduz a vontade de Deus [...] em normas concretas. É aqui que se dá o diálogo da fé, a busca comum para entender a vontade de Deus num contexto determinado.

(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘Sobre algunos aspectos de la teologia moral’)
FONTE; SPE DEUS, 01 DE JULHO

terça-feira, 1 de maio de 2012

PROPAGAR A FÉ: ONTEM, HOJE, SEMPRE














Valter de Oliveira


 “A ressurreição do Senhor é um apelo ao apostolado até o fim dos tempos. Cada uma das aparições de Cristo ressuscitado termina com a atribuição de uma tarefa apostólica”. Foi assim no anúncio a Madalena, e, depois, às outras mulheres. “Ide e dizei aos meus irmãos...”. Os discípulos de Emaús sentiram essa necessidade. Finalmente São Marcos relata-nos a missão dada por Cristo aos apóstolos quando estavam sentados à mesa: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas”.


Os onze que ali estavam representavam a Igreja inteira. Neles todos nós, cada um de nós, recebemos a feliz missão de comunicar que Cristo vive. Foi Ele quem nos deu o direito de anunciar a Boa Nova. E também o dever. “A vocação cristã é, por definição, vocação apostólica”. “Ninguém nos deve impedir o exercício deste direito e o cumprimento deste dever”. Verdade que, desde o início da Igreja, houve quem quisesse calar aqueles que nasceram para comunicar a verdade salvífica como os “sumos sacerdotes e os doutores proibiram terminantemente (os apóstolos) de pregar e ensinar no nome de Jesus”. A réplica de Pedro e João já é a diretriz que todo fiel deve seguir até o fim dos Tempos: “Julgai vós mesmos se é justo diante de Deus obedecermos a vós mais do que a Deus. Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”.

E nós, podemos ficar calados? Nossa fé tem que ser algo puramente individual sem nenhum efeito na vida pública?

Hoje, como no passado, querem calar a nossa voz. Não querem que através dela o ensinamento de Cristo seja propagado. E foi nosso Divino Mestre quem nos disse:

“Não se acende a luz para colocá-la debaixo de um alqueire, mas sobre um candeeiro, a fim de que alumie todos os da casa; assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de maneira que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus”.



Os apóstolos foram fiéis à sua missão. Tiveram que se defrontar com a perseguição e o martírio. Mas a fé cresceu. A Igreja foi atingindo novas terras.

O discípulo não é mais que o Mestre. Ele foi perseguido. E morto. Se também hoje temos que suportar a incompreensão e até mesmo o ódio saibamos ser fiéis e acolher o que Deus nos der com alegria, como oportunidade de crescer na fé, na esperança, na caridade.

O cristão deve saber remar contra a maré num mundo que parece cada vez mais distanciado de Deus.

“O campo em que os Apóstolos e os primeiros cristãos tinham que lançar a semente era um terreno duro, com abrolhos, cardos e espinhos. Não obstante, a semente que espalharam frutificou abundantemente”.

O que Deus espera de mim e de você hoje?

“Que estejamos dispostos a recristianizar o mundo, na família, na Universidade, na fábrica, nas mais diversas associações. (...) Estamos numa época em que Cristo necessita de homens e mulheres que saibam estar junto da Cruz, que sejam fortes, audazes, trabalhadores, sem respeitos humanos à hora de fazer o bem, alegres, que tenham como alicerce das suas vidas a oração, um trato cheio de amizade com Cristo”.

Todos temos, à nossa volta, como acontecia com os primeiros cristãos, um bom grupo de pessoas que têm sede, que, talvez até mesmo sem o saber claramente, anseiam por Deus. Que bom será se formos os instrumentos que através de um apostolado intenso, cheio de amor, desinteressado, pudermos ajudá-los a conhecer, amar e servir a Cristo.


Que a Virgem Maria conceda essa maravilhosa graça a todos nós. Como a concedeu àqueles Onze.

(baseado na meditação 53 “Ide por todo o Mundo” de Francisco Fernández Carvajal, Falar Com Deus, vol. II, Quadrante, São Paulo, 1990.)


domingo, 25 de março de 2012

TRANSMITIR A FÉ




É na própria família que se forja o caráter, a personalidade, os costumes... e também se aprende a conviver com Deus. Uma tarefa que cada dia é mais necessária, como se assinala neste artigo.

Cada filho é uma prova da confiança de Deus nos pais, que lhes confia o cuidado e a orientação de uma criatura chamada à felicidade eterna. A fé é o melhor legado que se lhe pode transmitir; mais ainda, é a única coisa verdadeiramente importante, pois é o que dá sentido último à existência Deus, além disso, nunca confia uma missão sem dar os meios imprescindíveis para levá-la a termo; e assim, nenhuma comunidade humana está tão bem dotada como a família para facilitar que a fé enraíze nos corações.


O TESTEMUNHO PESSOAL


A educação da fé não é um mero ensinamento, mas a transmissão de uma mensagem de vida. Ainda que a palavra de Deus seja eficaz em si mesma, para difundi-la o Senhor quis servir-se do testemunho e da mediação dos homens; o Evangelho é convincente quando se vê encarnado.

Isto é válido de maneira especial quando nos referimos às crianças, que distinguem com dificuldade entre o que se diz e quem o diz; e adquire ainda mais força quando pensamos nos próprios filhos, pois não diferenciam claramente entre a mãe ou pai que reza e a própria oração; mais ainda, a oração tem valor especial, é amável e significativa, porque quem reza é a sua mãe ou o seu pai.


Isto faz com que os pais tenham tudo a seu favor para comunicar a fé aos filhos; o que Deus espera deles, mais do que palavras, é que sejam piedosos, coerentes. O seu testemunho pessoal deve estar presente diante dos filhos a todo o momento, com naturalidade, sem procurar dar lições constantemente.

Às vezes, basta que os filhos vejam a alegria dos seus pais ao confessar-se, para que a fé se torne forte nos seus corações. Não se deve desvalorizar a perspicácia das crianças, mesmo que pareçam ingênuas; na realidade, conhecem os seus pais, no bom e no menos bom, e tudo o que estes fazem – ou omitem – é para eles uma mensagem que os ajuda a formar ou a deformar.

Bento XVI explicou muitas vezes que as alterações profundas nas instituições e nas pessoas costumam ser promovidas pelos santos, e não pelos mais sábios ou poderosos: «Nas vicissitudes da história, [os santos] foram os verdadeiros reformadores que tantas vezes elevaram a humanidade dos vales obscuros nos quais está sempre em perigo de se precipitar; iluminaram sempre de novo» [1].

Na família acontece algo parecido. Sem dúvida, é preciso pensar no modo mais pedagógico de transmitir a fé, e formar-se para serem bons educadores; mas o que é decisivo é o empenho dos pais por quererem ser santos. É a santidade pessoal o que permitirá acertar com a melhor pedagogia.

"Em todos os ambientes cristãos conhecem-se, por experiência, os bons resultados que dá essa natural e sobrenatural iniciação à vida de piedade, feita no calor do lar. A criança aprende a pôr o Senhor na linha dos primeiros e fundamentais afetos, aprende a tratar a Deus como Pai e à Nossa Senhora como Mãe, aprende a rezar seguindo o exemplo dos pais. Quando se compreende isto, vê-se a enorme tarefa apostólica que os pais podem realizar e como têm obrigação de serem sinceramente piedosos, para poderem transmitir – mais do que ensinar – essa piedade aos filhos" [2].


AMBIENTE DE CONFIANÇA E AMIZADE

Vemos que muitos rapazes e moças – sobretudo, na juventude e na adolescência – acabam por afrouxar a fé que receberam, quando sofrem algum

tipo de prova. A origem destas crises pode ser muito diversa – a pressão de um ambiente paganizado, amigos que ridicularizam as convicções religiosas, um professor que dá as lições numa perspectiva ateia ou que põe Deus entre parêntesis –, mas estas crises ganham força quando aqueles que passam por elas deixam de expor às pessoas adequadas o que lhes está acontecendo.

É importante facilitar a confiança com os filhos e que estes sempre encontrem os pais disponíveis para lhes dedicarem tempo. Os jovens – mesmo os que parecem mais indóceis e desprendidos – desejam sempre essa aproximação, essa fraternidade com os pais. O segredo costuma estar na confiança. Que os pais saibam educar num clima de familiaridade, que nunca deem a impressão de que desconfiam, que deem liberdade e que ensinem a administrá-la com responsabilidade pessoal. É preferível que enganem alguma vez. A confiança que se põe nos filhos faz com que eles próprios se envergonhem de terem abusado, e se corrijam. Pelo contrário, se não têm liberdade, se veem que não se confia neles, sentir-se-ão levados a enganar sempre [3]. Não se deve esperar a adolescência para pôr em prática estes conselhos; podem ser aplicados desde muito cedo.

Falar com os filhos é das coisas mais gratas que existem e a porta mais direta para estabelecer uma profunda amizade com eles.

Quando uma pessoa ganha confiança com outra, estabelece-se uma ponte de mútua satisfação e poucas vezes desaproveitará a oportunidade de conversar sobre as suas inquietações e os seus sentimentos, o que é, por outro lado, uma maneira de se conhecer melhor a si próprio. Embora haja idades mais difíceis do que outras para conseguir essa proximidade, os pais não devem afrouxar no seu entusiasmo por chegarem a ser amigos dos filhos; amigos a quem se confiam as inquietações, a quem se consulta sobre os problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável [4].

Nesse ambiente de amizade, os filhos ouvem falar de Deus de um modo agradável e atrativo. Tudo isto requer que os pais encontrem tempo para estar com os filhos e um tempo que seja “de qualidade”; o filho deve perceber que as suas coisas nos interessam mais do que o resto das nossas ocupações. Isto implica ações concretas, que as circunstâncias não podem levar a omitir ou a atrasar uma e outra vez; desligar a televisão ou o computador quando a menina ou o garoto pergunta por nós e se percebe que querem falar; reduzir a dedicação ao trabalho; procurar formas de recreio e entretenimento que facilitem a conversa e a vida familiar, etc.


O MISTÉRIO DA LIBERDADE


Ao utilizar a liberdade pessoal, as pessoas nem sempre fazem o que mais lhes convém, ou o que pareceria previsível tendo em conta os meios empregados. Às vezes, as coisas são bem feitas mas não saem como se esperava – pelo menos, aparentemente – e pouco serve culpar-se por esses resultados ou atribuir a culpa a outros.

O mais sensato é pensar como educar cada vez melhor e como ajudar outros a fazerem o mesmo; não há, neste âmbito, fórmulas mágicas. Cada um tem o seu próprio modo de ser, que o leva a explicar e a encarar as coisas de modo diverso. O mesmo se pode dizer dos educandos que, embora vivam num ambiente semelhante, possuem interesses e sensibilidades diversas.

Essa variedade não é, no entanto, um obstáculo. Aliás, amplia os horizontes educativos: por um lado, possibilita que a educação se enquadre, realmente, no quadro de uma relação única, alheia a estereótipos; por outro, a relação com os temperamentos e caráteres dos diversos filhos favorece a pluralidade de situações educativas.

Por isso, se bem que o caminho da fé seja o mais pessoal que existe – pois faz referência ao mais íntimo da pessoa, a sua relação com Deus –, podemos ajudar a percorrê-lo; e isso é a educação. Se considerarmos com calma na nossa oração pessoal o modo de ser de cada pessoa, Deus dar-nos-á luzes para acertar.

Transmitir a fé não é tanto uma questão de estratégia ou de programação, mas é facilitar que cada um descubra o desígnio de Deus para a sua vida. Ajudá-lo a que veja, por si próprio, que deve melhorar e em quê, porque nós, de fato, não mudamos ninguém, eles mudam porque querem.


DIVERSOS ÂMBITOS DE ATENÇÃO

Há diversos aspetos que têm grande importância para transmitir a fé. Um primeiro é talvez a vida de piedade na família, a proximidade a Deus na oração e nos sacramentos. Quando os pais não a “escondem” – às vezes involuntariamente –, esse convívio com Deus manifesta-se em ações que O tornam presente na família, de um modo natural e que respeita a autonomia dos filhos. Abençoar as refeições, ou rezar com os filhos pequenos as orações da manhã ou da noite, ou ensinar-lhes a recorrer aos Anjos da Guarda ou a ter manifestações de carinho com Nossa Senhora, são modos concretos de favorecer a virtude da piedade nas crianças, tantas vezes dando-lhes recursos que os acompanharão por toda a vida.

Outro meio é a doutrina; uma piedade sem doutrina é muito vulnerável perante o assédio intelectual que sofrem ou sofrerão os filhos ao longo da vida; necessitam de uma formação apologética profunda e, ao mesmo tempo, prática.

Logicamente, também neste campo é importante saber respeitar as peculiaridades próprias de cada idade. Muitas vezes, falar sobre um tema de atualidade ou de um livro poderá ser uma ocasião de ensinar a doutrina aos filhos mais velhos (isto, quando não sejam eles próprios que se nos dirijam para nos perguntarem).

Com os menores, a formação catequética que podem receber na paróquia ou na escola é uma ocasião ideal. Rever com eles as lições que receberam ou ensinar-lhes de modo sugestivo aspectos do Catecismo que talvez tenham sido omitidos, fará com que as crianças entendam a importância do estudo da doutrina de Jesus, graças ao carinho que os pais demonstram por ela.

Outro aspecto relevante é a educação nas virtudes. Quando há piedade e doutrina, mas faltam virtudes, os filhos acabarão pensando e sentindo como vivem, e não como lhes dite a razão iluminada pela fé, ou a fé assumida, porque pensada. Formar as virtudes requer salientar a importância da exigência pessoal, do empenho no trabalho, da generosidade e da temperança.

Educar nesses bens eleva o ser humano acima dos desejos materiais; torna-o mais lúcido, mais apto para entender as realidades do espírito. Aqueles que educam os filhos com pouca exigência – nunca lhes dizem que “não” a nada e procuram satisfazer todos os seus desejos – fecham-lhes as portas do espírito.

É uma condescendência que pode nascer do carinho, mas também do querer poupar o esforço que exige educar melhor, pôr limites aos apetites, ensinar a obedecer ou a esperar. E como a dinâmica do consumismo é de per si insaciável, cair nesse erro leva as pessoas a estilos de vida caprichosos e volúveis e introduzem-nos numa espiral de procura de comodidade que implica sempre um déficit de virtudes humanas e de interesse pelos outros.

Crescer num mundo em que todos os caprichos são saciados é uma pesada carga para a vida espiritual, que incapacita a alma – quase na raiz – para a doação e o compromisso.

Outro aspeto importante é o ambiente, pois tem uma grande força de persuasão. Todos conhecemos jovens educados na piedade que se viram arrastados por um ambiente que não estavam preparados para superar. Por isso, é preciso estar pendentes de onde se educam os filhos e criar ou procurar ambientes que facilitem o crescimento da fé e da virtude. É algo parecido ao que ocorre num jardim: nós não fazemos crescer as plantas, mas podemos sim proporcionar os meios – adubo, água, etc. – e o clima adequados para que cresçam.

Como aconselhava S. Josemaria aos pais: "procurai dar-lhes bom exemplo, procurai não esconder a vossa piedade, procurai ser puros na vossa conduta: então aprenderão e serão a coroa da vossa maturidade e da vossa velhice" [5].

A. Aguiló

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[1] Bento XVI, Discurso na Vigília da Jornada Mundial da Juventude de Colônia, 20-08-2005.

[2] S. Josemaria Escrivá de Balaguer, Temas Atuais do Cristianismo, n. 103.

[3] S. Josemaria Escrivá de Balaguer, Temas Atuais do Cristianismo, n. 100.

[4] S. Josemaria Escrivá de Balaguer, Cristo que passa, n. 27.

[5] S. Josemaria Escrivá de Balaguer, Tertúlia, 12-11-1972, em http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/educaccedilao-dos-filhos