segunda-feira, 30 de agosto de 2021

CRISTO E A GRANDEZA DA MISERICÓRDIA

 




“A misericórdia será o núcleo central da pregação de Cristo e a principal razão dos seus milagres. E, seguindo os seus passos, a Igreja também “cerca de amor todos os afligidos pela fraqueza humana; mais ainda, reconhece nos pobres e sofredores a imagem do seu Fundador pobre e sofredor. Faz o possível por mitigar‑lhes a pobreza e neles procura servir a Cristo”.

 

A misericórdia das obras corporais

 

Que outra coisa podemos nós fazer, se queremos imitar o Mestre e ser bons filhos da Igreja? Temos diariamente diversas oportunidades de pôr em prática os ensinamentos de Jesus a respeito do nosso comportamento perante a dor e a necessidade. É uma atitude compassiva e misericordiosa que não espera por ocasiões excepcionais, como visitar um preso ou um doente, ou socorrer alguém que está à beira de morrer de fome, mas vai‑se exercitando nas pequenas ocasiões do dia e com aqueles que se têm ao lado. (...)

Imitar Jesus na sua atividade misericordiosa para com os mais necessitados significa consolar e acompanhar os que se encontram sós, os doentes, os que passam pelas agruras de uma pobreza envergonhada ou descarada. Faremos nossa a dor que suportam, ajudá‑los‑emos a santificá‑la, e procuraremos solucionar esse estado na medida em que nos for possível. Quanto podemos confortar essas pessoas com uma visita oportuna, com uma conversa simples e amável, bem preparada, procurando dar às nossas palavras e comentários um tom sobrenatural que deixe no doente ou no idoso uma luz de fé e confiança em Deus! Com delicadeza e oportunidade, atrever‑nos‑emos a prestar‑lhes alguns serviços, a arrumar‑lhes a cama, a ler‑lhes um trecho de algum livro ameno e mesmo divertido.

 

A misericórdia das obras espirituais

 

UNGIU‑ME PARA EVANGELIZAR os pobres (...).

 Não há maior pobreza do que a provocada pela falta de fé, nem cativeiro e opressão maiores do que esses que o demônio exerce sobre quem peca, nem cegueira mais completa do que a da alma que ficou privada da graça: “O pecado produz a mais dura das tiranias”, afirma São João Crisóstomo8.

Se a maior desgraça, o pior desastre que existe é afastar‑se de Deus, a nossa maior obra de misericórdia será, em muitas ocasiões, aproximar os nossos familiares e amigos dos sacramentos, fontes de vida, e especialmente da Confissão. Se sofremos com as penas, doenças e desgraças que os afligem, como não nos havemos de doer se vemos que não conhecem Jesus Cristo, que não o procuram ou se afastaram dEle? A verdadeira compaixão, a grande obra de misericórdia começa pelo apostolado.

Quanto bem não faz a mãe que ensina o catecismo aos seus filhos, e talvez aos amigos dos seus filhos! Que enorme recompensa não reservará o Senhor aos que dedicam com generosidade o seu tempo a um trabalho de formação doutrinária cristã, aos que aconselham um livro adequado que ilustra a inteligência e desperta os afetos do coração! É abrir aos outros o caminho que conduz a Deus; não há outra necessidade maior que esta.

Cada dia é mais necessário pedir ao Senhor um coração misericordioso para todos, pois na medida em que a sociedade se desumaniza, os corações tornam‑se duros e insensíveis, e cada qual tende a viver exclusivamente para si próprio. A justiça é uma virtude fundamental, mas só a justiça não basta; é necessária, além dela, a caridade. Por muito que melhore a legislação trabalhista e social, sempre será necessário proporcionar aos outros o calor de um coração humano, fraternal e amigo, que se abeira compassivamente dos homens como filhos de Deus que são, pois, a misericórdia “não se limita a socorrer os necessitados de bens econômicos; o seu primeiro propósito é respeitar e compreender cada indivíduo como tal, na sua intrínseca dignidade de homem e de filho do Criador”11.

A misericórdia leva‑nos a perdoar prontamente e de todo o coração, mesmo quando aquele que nos ofende não manifesta o menor arrependimento. O cristão não guarda rancores na alma; não se sente inimigo de ninguém. Devemos esforçar‑nos por estimar mesmo os que são infelizes por culpa própria, ou em consequência da sua própria maldade. O Senhor só quer saber se esta ou aquela pessoa é infeliz, se sofre, “pois isso basta para que seja digna do teu interesse. Esforça‑te por protegê‑la contra as suas más paixões, mas desde o momento em que sofre, sê misericordioso. Amarás o teu próximo, não por ele o merecer, mas por ser o teu próximo”

 

Extraído de “Falar com Deus”, Francisco Fernandez Carvajal, meditação de 30 de agosto.

O subtítulos foram acrescentados pelo site.


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