segunda-feira, 18 de outubro de 2010



OS BISPOS E O PT
Da Alemanha...


Valter de Oliveira


O partido nazista crescia na Alemanha, mas ainda não havia chegado ao poder. Hitler afirmava que iria reerguer a Alemanha. Muitos acreditavam nele. Até cristãos começaram a ver no Partido dos Trabalhadores Alemães uma esperança para suas vidas.

Não era a opinião de alguns bispos católicos.

O bispo de Mogúncia condenou de forma pública o Partido Nazista. Informa o site da Zenit.org de 1º de outubro:

Estava “proibido a qualquer católico inscrever-se nas filas do Partido Nacional Socialista de Hitler”. “Aos membros do partido hitleriano não era permitido participar de funerais ou de outras celebrações católicas similares”. “Enquanto um católico estivesse inscrito no partido hitleriano não podia ser admitido aos sacramentos”.

“A denúncia da arquidiocese de Mogúncia foi publicada em primeira página pelo L’Osservatore Romano em um artido de 11 de outubro de 1930”.

Um ano depois a diocese de Munique confirmou a incompatibilidade da fé católica com o partido nazista. No mesmo ano também tivemos pronunciamentos condenatórios do bispo de Colônia.

Mais ainda, em 1932 a Igreja excomungou todos os líderes nazistas. Era uma questão de valores. “Entre os princípios anticristãos denunciados (...) a Igreja mencionava explicitamente as teorias étnicas e o racismo”.

“No dia 10 de março de 1933, A Conferência Episcopal alemã, reunida em Fulda enviou um apelo ao presidente (...) Hindenburg, expressando “nossas preocupações mais graves, que são compartilhadas por amplos setores da população”. Os bispos temiam que os nazistas não respeitassem “o santuário da Igreja e a posição da Igreja na vida pública”. (1)

Não sei se com tais atitudes não tenha havido quem acusasse os bispos de crime eleitoral.

De qualquer modo o belo trabalho teve bons efeitos e as regiões onde o nazismo teve menos votos foram aquelas de maioria católica.

O que teria acontecido se a fidelidade aos princípios da Igreja fosse mais forte?

As hipóteses na História são boas para os acadêmicos. O povo tem que enfrentar a realidade dura e crua. Hitler conseguiu o governo.

A luta católica ficou mais fácil após a vitória de Hitler?

Nem um pouco. Como mostra a propaganda da Folha muita coisa melhorou na Alemanha, especialmente no setor econômico: fim da inflação e do desemprego, melhores condições de trabalho, crescimento do PIB e melhoria do sistema de transportes, investimento na área de cultura e esportes, etc, etc. Foi um eficiente Plano de Aceleração do Crescimento...

Nunca se tinha visto tanto progresso, e tanta inclusão social, diríamos hoje.

Adversários internos e externos começaram a render-se diante de resultados tão brilhantes.

O problema é que em Roma havia um Papa chamado Pio XI. Muita gente deve ter achado que ele não entendia coisa alguma do que ocorria no mundo. Afinal, na metade da década ele começara, através de encíclicas e outros meios, a criticar os poderosos da época. Escreveu contra o fascismo, contra o nazismo e contra o comunismo.

Tudo isso enquanto Hitler melhorava a vida do povo (ordenou a construção do fusca), Stalin eletrificava a Rússia e fazia estradas de ferro e, os italianos, ganhavam a Copa do Mundo em 34. O papa estava preocupado com princípios! Pobre homem. Na opinião de quem considera que discussão política limita-se apenas ao desenvolvimento material, tudo aquilo era uma perda de tempo.

A questão é que houve bispos na Alemanha que foram verdadeiros pastores. Quando a “Mit Brennender Sorge” (2) foi contrabandeada para a Alemanha eles ordenaram que ela fosse lida durante a missa em todas as suas paróquias. O resultado foi trágico para muitos sacerdotes, religiosos e fiéis. Milhares morreram em campos de concentração.

Ainda assim houve quem não desse muita importância a essas coisas. A Alemanha crescia a olhos vistos e o "cara" chegou a ter mais de 90% de aprovação popular. O cabo vienense dizia em alto e bom tom que nunca antes na sua história a Alemanha fora tão respeitada...

Resultado: em 1938 a revista time declarou Hitler o homem do ano!

Um ano depois começava a guerra. Em 45 o nazismo estava esmagado. Aí os horrores vieram à tona.

Horrores que bons católicos haviam previsto. Digo bons porque ontem, como hoje, há quem não dê a mínima para a fé cristã. E que se joga nos braços de qualquer ideologia messiânica.

Terminamos com nossa reverência aos que permaneceram de pé no meio de um mundo de joelhos. Que a exemplo deles saibamos olhar as coisas da terra com os olhos postos no Céu.







NOTA

1. O atual Papa, quando era prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé, afirmou sobre a Conferência Episcopal Alemã: “Pois bem, os textos realmente vigorosos contra o nazismo foram os que vieram individualmente de prelados corajosos. Os da conferência, no entanto, pareciam um tanto abrandados, fracos demais com relação ao que a tragédia exigia”. (A Fé em crise, o cardeal Ratzinger se interroga, São Paulo, EPU, 1985, p. 41).

2. Encíclica que condenou os erros do nazismo.



"Quando a igreja alemã excomungou o nazismo"





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