domingo, 22 de maio de 2011


BRASIL, 5 DE MAIO DE 2011:
O DIA DA VERGONHA


A decisão do STF sobre as uniões homossexuais e a responsabilidade dos católicos


Valter de Oliveira



5 de maio foi um dia de alegria para os defensores da cultura da morte, de vergonha para o Brasil e nossas instituições políticas, de luto para todos os que acreditam nos Dez Mandamentos e no Evangelho de Cristo.

Neste artigo não quero discutir os aspectos jurídicos e políticos da decisão do Supremo Tribunal Federal. Tampouco analisar o desrespeito pela constituição na decisão dos ministros da Suprema Corte. Estes já foram objeto de análise em artigos e blogs. Alguns, começo a colocar em meus sites para conhecimento dos amigos leitores. Hoje, o que quero discutir aqui é a responsabilidade dos católicos na luta em defesa dos valores da fé cristã.

1. Um pouco de história

Desde o século XIX os Papas vem alertando os católicos para a atuação de homens, grupos, partidos, que tinham por objetivo criar uma sociedade radicalmente anticristã e atéia. Também nas fileiras revolucionárias encontramos inúmeros textos que confirmam a preocupação da Igreja. Basta ler os textos dos teóricos do laicismo e dos autores marxistas, sempre contrários à família e à moral “burguesa” e defensores ardentes do amor livre. Mais recentemente todos os seus seguidores dedicaram-se com empenho e muito dinheiro a advogar toda sorte de degradação moral. Mas, para isso, tiveram a habilidade de mudar o valor das palavras e infestaram o linguajar filosociológico de eufemismos. O impuro virou puro, o indigno passou a ser considerado nobre. Tudo o que antes era tido por vergonhoso e que degrada o homem passou a ser defendido em nome da justiça, da igualdade, da não discriminação, do pluralismo, da civilização, e, por incrível que pareça, até da dignidade humana... Não foram essas palavras abundantemente usadas por nossos ministros na votação do último dia 5?

2. Um exemplo: a palavra discriminação

Sobre o uso desta palavra podemos ler no Lexicon, publicado pelo Pontifício Conselho para a Família:

“Provavelmente um dos instrumentos lingüísticos usados com maior regularidade é a pós-moderna “discriminação”, que se tornou hoje o termo pejorativo por excelência. Sua utilização pressupõe uma suposta culpa, uma não inocência. As palavras qualificativas “justo” e “injusto” são sempre ignoradas” (1) (artigo Manipulação da linguagem p. 575.”)

Discriminar, etimologicamente, significa separar, rejeitar, e também elencar, selecionar. Nossos pais ensinavam-nos a evitar certas companhias, tidas como prejudiciais a um sadio crescimento. Tal atitude não era considerada discriminatória, muito pelo contrário.

Com a manipulação da linguagem começou-se a utilizar a palavra nas mais diversas situações e muita gente não viu todos os perigos para a vida moral e social no seu uso... indiscriminado...

Discriminação é apenas uma palavra disseminada pelos ideólogos totalitários e anticristãos do “politicamente correto”. Todas utilizadas para fazer uma baldeação ideológica na opinião pública. Técnica e estratégia perfeitamente conforme a revolução marxista gramsciana.

3. O papel da elite católica

Lamentavelmente nossa elite católica não viu ou não quis ver como essas palavras foram sendo utilizadas por todos os que não aceitam a influência cristã na sociedade. Basta ver que até aqueles que lutam pela fé, criticaram o STF, mas fizeram questão de afirmar que são contra a discriminação!... Caíram na armadilha revolucionária. Deixaram os adversários fazer as regras do jogo.

Digamos que líderes católicos, leigos ou religiosos, não têm a obrigação de conhecer os meandros da política e as complexidades das ideologias. Discordo. Homens e mulheres de fé não podem ser alienados. E todos têm obrigação de, no mundo temporal, exercer a mais plena cidadania.

Na elite clerical temos dois problemas. Um setor simplesmente aderiu ao ideário revolucionário. São todos os que se apaixonaram pela Teologia da Libertação.

Outros decidiram empurrar a doutrina católica, especialmente a que se refere aos valores familiares, para baixo do tapete. A moral cristã, claramente especificada, desapareceu de muitos sermões. Receio de desagradar os fiéis e parecer retrógrados? Ou falta de fé e convicção?

4. Um exemplo: a questão do aborto nas últimas eleições

Na reta final das eleições do ano passado um grupo de bispos e um punhado de valorosos leigos ousou advertir os fiéis sobre os perigos de um eventual governo Dilma e das intenções do PT em avançar em seu trabalho de descristianização da sociedade. O que aconteceu? A cúpula da CNBB criticou os defensores da vida que teriam falado em nome da entidade. Outros bispos silenciaram. Um terceiro grupo, ligado à Teologia da Libertação, saiu em defesa de Dilma e do PT, pretensos defensores dos pobres e da justiça social.

A questão apavorou todos os laicistas. Do governo e da oposição. Ficaram com medo de perder a opinião pública.

Nossa elite perdeu a oportunidade de colocar a questão nos devidos termos. Não soube exigir nem do governo e nem da oposição um compromisso com os valores familiares. Não soube denunciar o projeto da cultura da morte, que é internacional, apoiado pela ONU, grandes capitalistas e todos os partidos pró-marxistas. Bobamente ficou discutindo o passado de Dilma.


A decisão do STF, do dia 5, é uma bofetada na face da elite católica omissa: dos “conservadores” tímidos e eternamente “otimistas” que acreditam que no diálogo científico com nossa oligarquia podem fazer com que os políticos não sigam sua própria ideologia e interesses(2); dos “piedosos” de sacristia cuja visão não ultrapassa os muros das paróquias, dos “progressistas” que dizem que abominam as estruturas do pecado e se associam eufóricos à oligarquia mundial que promove a globalização de Sodoma e Gomorra.

Gostaríamos de lembrar a todos, especialmente aos que se empenharam para a vitória política do ideário petista, que a maior parte dos ministros do STF foi indicada por Lula. E confirmada por seus aliados oligárquicos do Senado.

A partir de agora os que têm autoridade na Igreja vão ter que se defrontar com algumas situações concretas. O que farão, por exemplo, diante de casais gays que quiserem matricular seus filhos adotivos em escolas católicas? Casais gays poderão assistir missa de mãos dadas? E se a lei exigir que os senhores celebrem “casamentos” homossexuais? Diante de questões como essa a quem seguirão: S. Thomas More ou o episcopado cismático da Inglaterra de Henrique VIII.?

No Brasil e no mundo o Tsuname revolucionário avança. Ele não vai se contentar com a vitória obtida no dia da vergonha. As últimas muralhas do Estado de Direito e da decência foram derrubados. Novas minorias vão exigir seus “direitos”. Pedófilos e escravos da bestialidade (ou devemos chamá-los de bestialafetivos?) já receberam o sinal verde dos ilustres magistrados.

Magistrados que mais uma vez podem passar por cima do Legislativo e começar a penalizar católicos “intolerantes” como nós.

Todos eles morrerão. Não demorará muito. Espero que um dia se lembrem que são apenas pó. E que ao transpor os umbrais da morte estarão face a face com Cristo.

Que a Virgem interceda por nossas almas!

Notas:

1. Lexicon, Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas. Pontifício Conselho para a Família. Edições CNBB, 1ª edição, 2007.

2. Com isso não quero dizer que um trabalho sério com os detentores do poder não pode e não deva ser realizado. Digo apenas que a classe política desde Maquiavel tem sua própria ética. No geral não mudarão de caminho a não ser por receio de perder sua influência. Até eles reconhecem isso. Uma pinça precisa ter dois lados. Não apenas um.

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