segunda-feira, 16 de setembro de 2024

UM RETIRO NA BASÍLICA DO CARMO

 

Valter de Oliveira


Ontem tive a alegria e a graça de participar de um breve retiro promovido pelos carmelitas na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em SP. Fui convidado por meu amigo, Renato Amaral, coordenador do grupo de oração "homens do terço", promovido pelos carmelitas da Basílica. O grupo de homens, como se pode ver pelo nome, reúne-se 

uma vez por semana, para rezar o rosário à Nossa Senhora. Tudo começou com a recitação dos mistérios gozosos. Recitação serena com belo ardor varonil acompanhada de alguns belos cânticos e seguida por uma nobre e piedosa missa com órgão, músicas bem cantadas e uma ótima homilia.

Às 10h tivemos um apetitoso café no pátio do Convento e, a seguir, toda a programação do retiro. Tudo com recolhimento, afabilidade e edificação  sob a orientação do acolhedor e gentil  frei Ivanildo. Na conversa, no almoço, soube que o pároco da Basílica - e responsável  maior por todas as suas atividades de apostolado e oração - é frei Thiago Borges. 

Foram horas muito proveitosas. Agradeço a todos pela recepção e peço à Virgem que continue abençoando o exemplar trabalho de todos. 

Em agradecimento por tudo resolvi colocar aqui no blog duas poesias de duas grandes santas carmelitas: Santa Teresa, a grande, e Santa Teresinha do Menino Jesus. Poesias que exprimem de modo particular o desprendimento que devemos ter e as nobres lutas que devemos travar para nos santificarmos na santa Igreja de Cristo. 


1. 

Santa Teresa de Ávila

Aspirações à vida eterna

Vivo sem em mim viver

E tão alta vida espero,

Que morro de não morrer.


 


Vivo já fora de mim

Desde que morro de amor;

Porque vivo no Senhor,

Que me escolheu para Si.

Quando o coração lhe dei,

com terno amor lhe gravei:

Que morro de não morrer.

 

Esta divina prisão,

do amor em que eu vivo,

fez a Deus ser meu cativo,

e livre meu coração;

e causa em mim tal paixão

ser eu de Deus a prisão,

Que morro de não morrer.

 

(...)

 

Só vivo pela confiança

De que um dia hei de morrer;

morrendo, o eterno viver

Tem por seguro a esperança.

Ó morte que a vida alcança,

Não tardes em me atender,

Que morro de não morrer.

 

Olha que o amor é bem forte!

Vida, não sejas molesta;

Vê, para ganhar-te resta

Só perder-te: - feliz sorte!

Venha já tão doce morte;

Venha sem mais se deter,

Que morro de não morrer.

 

Lá no céu, definitiva,

É que a vida é verdadeira;

Durante esta, passageira,

Não a goza a alma cativa.

Morte, não sejas esquiva;

Mata-me para eu viver,

Que morro de não morrer.

 

(...)

 

Se ausente de meu Deus ando,

Que vida há de ser a minha

Senão morte, mais mesquinha,

Que mais me vai torturando?

Tenho pena de mim, quando

Me vejo em tanto sofrer,

Que morro de não morrer.

 

(...)

 

Quando me alegro, Senhor,

Pela esperança em ver-te,

Penso que posso perder-te,

E se dobra a minha dor:

E vivo em tanto pavor,

Sem na espera esmorecer,

Que morro de não morrer.

 

Oh! Tira-me desta morte,

E dá-me, Deus meu, a vida;

Não me tenhas impedida

Por este laço tão forte.

Morro por ver-te, de sorte

Que sem ti não sei viver,

Que morro de não morrer.

 

Choro a minha morte já;

E lamento a minha vida,

Enquanto presa e detida

Por meus pecados está.

Ó meu Deus, quando será

Que eu possa mesmo dizer

Que morro de não morrer?

 

Santa Teresinha do Menino Jesus

 

MINHAS ARMAS

 



Do Poderoso visto as armaduras,

Pois Sua mão dignou-se me adornar.

Daqui por diante nada mais me assusta;

Quem me vai separar de Seu Amor?

Lançando-me, a Seu lado, em plena arena,

Sei que não temerei ferro nem fogo;

Saibam meus inimigos: Sou rainha,

Sou esposa de um Deus!

Jesus, guardarei as armaduras

Que visto ante Teus olhos adorados.

Meu mais belo ornamento, até morrer,

Serão meus santos votos!

 

Pobreza, meu primeiro sacrifício,

Vais seguir-me, até a morte, em toda parte,

Pois sei que, para poder correr na pista,

De tudo deve o atleta despojar-se.

Gozai, mundanos, o remorso e a dor,

Que são frutos amargos da vaidade.

Mas, na arena, alegre irei colher

As palmas da pobreza.

(...).

 

A Castidade faz-me irmã dos anjos,

Os espíritos puros, vitoriosos;

Hei de voar, um dia, em suas falanges.

Mas, neste exílio, lutarei como eles.

Sem repouso nem trégua hei de lutar

Pelo Senhor dos Reis que é meu Esposo.

Minha espada celeste é a Castidade

Que pode conquistar-Lhe corações.

A Castidade é minha arma invencível

Com que meus inimigos são vencidos.

Ela me torna, Oh! que prazer infindo,

Esposa de Jesus.

 

(Obediência)

Foi um anjo orgulhoso, entre esplendores,

Que disse: “Nunca irei obedecer!”

Mas grito, na noite desta vida:

“Quero obedecer sempre na terra”.

Sinto nascer em mim uma audácia santa,

Com que enfrento o furor de todo o inferno.

A Obediência é para mim couraça

E Escudo do coração.

Não quero outro esplendor, Deus dos Exércitos,

Só quero submeter minha vontade em tudo,

Pois a Obediência sempre há de cantar vitórias

Por toda a Eternidade.

 

Se tenho as armas poderosas do Guerreiro

E se, valentemente, O imitar na luta,

Como a Virgem das Graças encantadoras,

Quero também cantar em meu combate.

Fazes vibrar as cordas de Tua lira,

Que é, meu Jesus, meu próprio coração!

Então posso gozar Tuas misericórdias,

Cantar a força e a doçura.

Sempre sorrindo enfrentarei metralhadoras

E, nos Teus braços, meu Divino Esposo,

Cantando morrerei no campo de batalha,

Com as armas na mão!…

 

Fontes:

1.  https://www.salusincaritate.com/2018/12/poemas-de-santa-teresa-davila.html

2.       https://sites.google.com/view/vidacarmelitaeremita/in%C3%ADcio/poesias-santa-teresinha


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